Quais são os elementos de um relacionamento curativo? Leia o comentário do Lila sobre esse tema.
Anteriormente, falamos sobre a compreensão do paciente sobre informações compartilhadas pelo profissional de saúde e seguindo com a reflexão, discutiremos agora a promoção de um relacionamento curativo.
Segundo a lógica oferecida por nossa sequência de posts, a segunda função a ser comentada dentro do tema comunicação médico-paciente é a promoção de um relacionamento curativo. Na perspectiva do modelo conceitual teórico de McCormack (McCormack et al., 2011) discutido anteriormente, esta função é composta por cinco domínios. Acrescentaremos aqui um primeiro que também julgamos relevante:
- Escuta acolhedora
- Discussão sobre funções e responsabilidades
- Honestidade, franqueza e clareza
- Confiança na competência técnica, habilidades e conhecimento do clínico
- Manifestações de cuidado (zelo, acolhimento, atenção) e compromisso
- Construção ativa de um relacionamento e conexão
Compreender esta função depende de uma reflexão inicial sobre a diferença entre as palavras healing e curing na língua inglesa. Frequentemente traduzidos para o português como sinônimos, guardam diferenças de significado. Curing denota um “se livrar da condição”, um tipo de reparo ou conserto. Podemos considerar como exemplo, uma infecção que é debelada com o tratamento antibiótico ou uma fratura óssea que é reparada com uma cirurgia.
Já o significado de healing remete também à capacidade de transcender a condição de saúde enfrentada. Entendendo o Healing como sendo: ser curado quando possível, mas também como a redução do sofrimento quando a cura não é possível, e a capacidade de encontrar significado para além da experiência da doença, nos remetendo ao conceito de transcendência do sofrimento (Gordon, 1979).
Proporcionar healing quando as possibilidades curativas estão esgotadas é uma função nobre e difícil de ser executada. Pense nisso.